Equilíbrio corporal e transtornos da audição

Por: Dra. Lia Cavalcante / CRM: 6865

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A especialidade responsável pela saúde dos ouvidos, nariz, garganta é a otorrinolaringologia. No entanto, essa especialidade ainda possui diversas subespecializações que ajudam a tornar os profissionais mais aprofundados em assuntos específicos. A otoneurologia é um exemplo disso. Esta é uma área da otorrinolaringologia que se dedica ao equilíbrio corporal, transtornos da audição e suas relações com o sistema nervoso central.

A otoneurologia estuda o aparelho cócleo-vestibular. A cóclea é a parte do ouvido responsável pela sensação auditiva e o sistema vestibular pelo equilíbrio corporal. Para esclarecer melhor é preciso entender como tudo isso funciona. O sistema vestibular é composto por vários elementos sensoriais e se relaciona diretamente com outros sistemas do organismo, como a visão, que informa ao cérebro os movimentos corporais, o sistema dos músculos como tendões e articulações através do reflexo vestíbulo espinhal. Este sistema tem a função de manter a postura e realizar movimentos, ações diretamente relacionadas com o equilíbrio. As informações de todos estes sistemas são enviadas para o cerebelo, que por sua vez as envia para o sistema nervoso central, que interpreta e garante o equilíbrio estático e dinâmico.

O otoneurologista identifica e trata problemas no equilíbrio corporal como tonturas, vertigens, desequilíbrio, náuseas, vômitos, zumbido e até mesmo quedas também são sintomas que denunciam algum problema no órgão. Na avaliação otoneurológica, o especialista avalia o sistema auditivo e o vestibular para identificar qualquer alteração ou doença que possa estar prejudicando o equilíbrio corporal. A maior incidência é justamente a tontura. A tontura atinge mais os adultos e idosos, mas é possível surgir também em crianças e adolescentes, o que vai exigir uma atenção mais especial por parte dos pais e responsáveis na identificação do problema.

Entre as causas dos problemas relacionados ao equilíbrio, está o uso determinados medicamentos que podem causar ou agravar as alterações. Hoje existem exames específicos para identificar a causa da tontura e possível tratamento. A tontura tem cura desde que se faça o tratamento adequado. O ideal é que o paciente consulte um médico otoneurologista para que seja avaliado assim que os sintomas surgirem. Quanto antes o tratamento for iniciado, melhores serão os resultados. É bom lembrar que a tontura afeta diretamente a qualidade de vida das pessoas.

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Aspectos Gerais da Tontura

Por: Dra. Jamille Lima Wanderley – Otorrinolaringologista /  CRM: 9150 

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O labirinto é uma estrutura localizada no ouvido interno, e, juntamente com a visão e o sistema musculoesquelético, são responsáveis pelo equilíbrio corporal. Todas essas estruturas enviam informações ao sistema nervoso central e, quando estão em harmonia, garantem o equilíbrio. Se alguma dessas mensagens recebidas for conflitante, podem resultar em tontura e sintomas associados.

As labirintopatias, doenças causadas por desordens do labirinto, representam a maior parte dos casos de alteração do equilíbrio e são comumente chamadas apenas de labirintite. Costumam se manifestar por meio de tontura, geralmente associadas a náuseas, vômitos, mal-estar ou sintomas auditivos, como diminuição da audição, zumbido e sensação de ouvido tampado.

A tontura pode ser relatada de diversas formas, a mais comum delas é a vertigem, definida como uma sensação rotatória do ambiente ou do próprio corpo percebida pelo paciente, sendo este sintoma característico das tonturas de origem no labirinto. Outras formas de tonturas referidas pelos pacientes incluem, desequilíbrio, sensação de flutuação, sensação de desmaio iminente, tendência a quedas, desvio de marcha, escurecimento da visão, entre outros.

A vertigem é um sintoma muito prevalente, encontrada em 10% da população mundial. Em 85% dos casos, ela é decorrente de disfunção vestibular. As labirintopatias podem atingir qualquer idade, mas têm maior incidência a partir dos 40 anos.

As principais causas de labirintopatias são:
– Doenças da otorrinolaringologia: Doença de Meniére e a vertigem posicional paroxística benigna.
– Doenças sistêmicas: diabetes, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e da glândula tireóide, aumento do colesterol e triglicerídeos.
– Infecção viral ou bacteriana: labirintite aguda, neurite vestibular.
– Doenças ortopédicas: doenças da coluna e do pescoço.
– Causas externas: traumas por acidentes ou exposição a ruído elevado.
– Uso de medicamentos: diuréticos, anti-inflamatórios, antibióticos.
– Hábitos de vida inadequados: abuso de fumo, álcool, café, chocolate, alimentos gordurosos e frituras, jejum prolongado.
– Causas psicológicas: estresse.

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O diagnóstico das labirintopatias é baseado na história clínica e em exames complementares. É importante relatar ao médico as características da tontura, como: tipo, intensidade, duração, fatores precipitantes e agravantes e sintomas associados.

As diversas opções terapêuticas para controle da crise de labirintopatia são aplicadas conforme os dados da história clínica. O tratamento medicamentoso geralmente consiste em uma medicação anti-vertiginosa, orientações de reeducação alimentar, com controle dietético, e mudanças nos hábitos de vida.