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Soneca tem poder restaurador e melhora capacidade cognitiva

Você acordou cedo, trabalhou a manhã toda e, depois do almoço, é acometido por aquela bobeira avassaladora, capaz de roubar toda a sua energia ou transformar sua habitual disposição em preguiça. Nessa hora, tudo o que você deseja é se entregar à leseira e restabelecer seu estado de ânimo com uma simples e despretensiosa sonequinha. Mas será que 10 minutinhos adiantam?

Os especialistas garantem que esse tempo destinado ao descanso já é válido. O período ideal recomendado, no entanto, é de 30 minutos, em média. Uma soneca com mais de uma hora já faz o ciclo completo do sono.

– Pesquisas evidenciaram que, considerando adultos saudáveis, um cochilo de até 30 minutos pode melhorar a capacidade cognitiva, a memória e o aprendizado no restante do dia – ressalta o neurologista Alan Christmann Fröhlich, especialista em medicina do sono.

Fröhlich lembra, entretanto, que sonecas mais prolongadas podem causar um efeito chamado inércia do sono, em que ocorre uma piora temporária da performance cognitiva e do humor após o despertar.

Visto com resistência por gestores mais conservadores e com simpatia pelos mais liberais, o cochilo durante o expediente pode devolver parte da qualidade de vida perdida em meio à correria cotidiana.

– A população está dormindo menos. A privação de sono pode causar vários problemas de saúde, cognitivos, de aprendizado, de memória e alterações no humor. O ideal é se organizar para dormir mais, mas quando não dá, a soneca ajuda muito – diz Fábio Haggstram, pneumologista do Hospital São Lucas da PUCRS e da clínica PneumoSono.

Para um repouso tranquilo, algumas medidas são importantes. Consultora do sono, Renata Federighi explica que manter o quarto arejado, escuro e silencioso, usar travesseiros adequados e fazer refeições leves colaboram para o bom descanso.

Hábito comum em países como Espanha, Itália e Argentina, a sesta é quase um luxo no Brasil. Por aqui, são raros os sortudos com flexibilidade de horário que têm o privilégio de dormir alguns minutos depois do almoço. Em terras espanholas, o comércio fecha ao meio-dia e só reabre perto das 15h, hábito que permite aos moradores descansarem antes do segundo turno de trabalho.

Mesmo na terra da “siesta”, nem todos são adeptos da prática. Por incrível que pareça, há quem reclame do intervalo prolongado para a preguiça. O executivo espanhol Joan Gratacos, 43 anos, é um exemplo. Quando morava em Barcelona, não costumava fazer a pausa, como seus conterrâneos. Morando no Brasil há um ano e meio, ele comemora que o hábito não faça parte da cultura local:

– Adoro o horário comercial aqui, permite organizar melhor as necessidades de todo mundo.

 Fonte: Zero Hora