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O papel do nariz no ronco e na apneia do sono

Por: Dr. Thiago Chianca Ferreira / CRM: 5964

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O ronco e a apneia do sono

O ronco e a apneia obstrutiva do sono são problemas de saúde que acometem cerca de 30% das pessoas em todo o mundo. O ronco acontece quando o ar passa num espaço estreitado causando uma vibração dos tecidos na parte posterior da boca e faringe; essa turbulência de ar produz um som conhecido como ronco. A apneia do sono é caracterizada pela obstrução total e recorrente do fluxo de ar para os pulmões, podendo causar diminuição do oxigênio circulante no sangue.

O indivíduo que ronca, ou possui apneia, tem um sono muito superficial e com despertares que fazem com que ele não “descanse” durante a noite.

Nariz X Ronco / Apneia

A obstrução nasal, por alterações na estrutura ou no revestimento nasal, aumenta a resistência da via aérea superior e pode levar ao aumento do esforço respiratório, contribuindo assim para a existência do ronco e da apneia do sono.

O nariz obstruido pode ocasionar uma respiração oral noturna, levando a uma mudança no posicionamento da mandíbula (queixo), com queda da língua e obstrução da via aérea.

O aumento na resistência da respiração nasal ocasiona ainda uma alteração no equilíbrio dinâmico da via aérea, facilitando que ocorram colapsos (fechamento na passagem de ar) na via aérea por favorecer uma pressão negativa.

É muito comum a existência de alterações nasais em pacientes que roncam e que têm apneia do sono.

Pacientes que passam a fase da infância e adolescência sem conseguir respirar adequadamente pelo nariz, têm mais chance de desenvolver outras alterações anatômicas que favorecem mais ainda a existência do ronco e da apneia do sono.
As principais alterações nasais que levam a sua obstrução são o desvio do septo nasal, a hipertrofia (aumento) dos cornetos, hipertrofia de adenoide e algumas doenças que levam a inflamação da mucosa que reveste a cavidade do nariz internamente, como rinites, sinusites, pólipos, etc.

Diagnóstico

O diagnóstico das alterações nasais é feito com a história clínica e o exame otorrinolaringológico completo, podendo ser usados exames como a videoendoscopia nasal e/ou a tomografia computadorizada de face/seios da face.

Já o diagnóstico das alterações do sono (como ronco e apneia) é complementado com o exame de polissonografia, que é realizado durante uma noite inteira de sono, acompanhado integralmente por técnico treinado. Neste momento se registram variáveis importantes para o preciso diagnóstico. São posicionados alguns sensores no paciente de maneira a permitirem movimentação do corpo durante o sono.

Tratamento

O tratamento da obstrução nasal visa alcançar uma melhora na passagem de ar através do nariz pela diminuição da resistência nessa estrutura. Consiste no tratamento clínico com uso de medicamentos nasais ou via oral e no tratamento cirúrgico com a correção das alterações anatômicas que possam servir de barreira para o bom fluxo aéreo.

A melhora da função nasal, além de beneficiar a qualidade de vida do paciente durante o dia, também propicia um sono de melhor qualidade com menos despertares (menor fragmentação do sono), gerando menos sonolência diurna, sendo item de extrema importância no planejamento terapêutico para o paciente com ronco e apneia do sono.

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Apneia do sono

A síndrome da apneia é caracterizada pela obstrução das vias aéreas.

A síndrome da apneia obstrutiva do sono, também conhecida como SAOS, é caracterizada pela obstrução das vias aéreas por pelo menos 10 segundos durante o sono, causando a apneia (interrupção completa do fluxo de ar através da boca ou do nariz) ou a hipopneia (interrupção parcial, com redução de 30% a 50% do fluxo de ar).

Os principais sintomas apresentados por quem sofre desta síndrome são:

  • Sonolência constante;
  • Dificuldade de memorização e concentração;
  • Roncar, por vezes excessivamente alto;
  • Acordar com sensação de sufocamento;
  • Refluxo;
  • Boca seca;
  • Vontade de urinar.

Como não consegue descansar por ter o sono interrompido diversas vezes, a pessoa também apresenta cansaço, dificuldade de permanecer acordada durante atividades tranquilas, irritabilidade, depressão, redução da libido, impotência sexual e dor de cabeça pela manhã.

Em pacientes obesos, é comprovado o expressivo aumento do risco de desenvolvimento da SAOS. A distribuição da gordura desempenha um importante papel no desenvolvimento de síndrome, mais ainda que o IMC, o peso ou a gordura corporal total.

Os indivíduos com maior concentração de gordura visceral androide são potenciais candidatos ao desenvolvimento da síndrome. Por este motivo, os homens são os principais afetados. A idade também interfere, sendo mais comum apresentar a SAOS entre os 50 e 70 anos, devido à presença de outras doenças.

Por sua vez, a SAOS pode conduzir ao aumento de peso através da sonolência diurna e alterações metabólicas. Estes dois estados patológicos, a obesidade e a síndrome, estão associados à elevada morbidade, afetando especialmente o sistema cardiovascular.

As primeiras medidas terapêuticas instituídas aos doentes com SAOS incluem perder peso, dormir em posição lateral e evitar principalmente deitar-se com a barriga para cima, evitar o tabagismo, manter uma higiene do sono adequada (como, por exemplo, adormecer em horário regular, em ambiente silencioso e escuro) e evitar substâncias como o álcool.

A perda de peso é fundamental no tratamento de doentes obesos com SAOS, e mesmo ligeira perda de peso parecem estar associadas a melhorias significativas desta síndrome. Em casos específicos a SAOS pode ser tratada com cirurgias.

Se você possui alguns dos sintomas descritos acima, procure um médico. Nunca se automedique.

Fonte: Artigo Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono e Obesidade – Revista da SPCNA (2006)

Saiba a diferença entre Ronco e Apnéia

O ronco é bastante frequente, principalmente em mulheres e homens acima de 40 anos, respectivamente 24% e 36% dessas pessoas sofrem com esta queixa.

Ele é o ruído causado pela vibração de estruturas da via respiratória durante a passagem do ar.

As principais causas para isso acontecer são:

  • Obstrução nasal: o nariz congestionado resulta em uma necessidade de maior força inspiratória, consequentemente, maiores chances de colapso de algumas partes da via respiratória produzindo o ronco.
  • Baixo tônus muscular: o relaxamento dos músculos da garganta provocando o estreitamento da via aérea. Em todas as pessoas esses músculos relaxam durante o sono mas em algumas esse relaxamento causa um estreitamento, provocando o som. Um relaxamento maior ocorre após ingestão de bebidas alcoólicas e uso de medicação indutora de sono, aumentando a chance de aparecimento do ronco.
  • Excesso de tecidos moles na garganta: ganho de peso, conformação da região do pescoço (circunferência cervical aumentada), aumento dos tecidos linfóides (amígdalas e adenóide) causam obstrução à passagem do ar.
  • Anatomia do palato mole e úvula: o céu da boca (palato) e a úvula (campainha), quando aumentados estreitam também a passagem do ar.

 

O que é apnéia?
Apnéia é sinônimo de parada respiratória, pode ser de duração variável e ocorrer durante o sono devido a oclusão ou semioclusão das VAS.

O distúrbio é comum e acomete todas as idades e ambos os sexos, independentemente do peso, embora seja mais freqüente nos obesos e pessoas com sobrepeso.

Nem todas as pessoas que roncam apresentam apnéia, apenas uma parcela delas. Nessas pessoas, ocorre um estreitamento que produz o som, mas sem um fechamento da via aérea.

Quase todas as pessoas que têm apnéia roncam. É raro, mas pode acontecer da pessoa ter apnéia sem roncar.

Como eu sei se tenho ou não apnéia?

O melhor exame para o diagnóstico se chama Polissonografia. Ele é realizado em hospitais e clínicas especializadas. O paciente deve dormir durante o exame, enquanto vários parâmetros são monitorizados e avaliados. Com esse exame não só conseguimos saber se o paciente tem ou não apnéia, como também qual é o grau da mesma. Outros distúrbios do sono podem ser também diagnosticados com esse exame.

Mas enfim, quais as consequências do ronco e da apnéia ?
O ronco simplesmente, sem apnéia, pode causar problemas no âmbito social, pois o roncador frequentemente é motivo de ridicularização, além de atrapalhar o sono dos que compartilham o ambiente. Além disso, essa respiração bucal noturna pode causar outros problemas como faringites em maior frequência que o normal. Já a presença da apnéia mostra que o caso é mais grave. A curto prazo já podemos perceber as repercussões, como a sonolência diurna, cansaço e sensação de sono não reparador. Isso ocorre devido a fragmentação do sono. A longo prazo apnéia já foi associada a hipertensão arterial, a risco aumentado de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (derrame) e insuficiência cardíaca congestiva.

Qual é o tratamento?
Há vários tipos de tratamento e a decisão do médico sobre qual é melhor para cada paciente leva em consideração diversos fatores, como o grau da apnéia, variações anatômicas do pescoço, nariz e faringe, peso, etc. Todos os pacientes que têm ronco e apnéia são orientados a perder peso (quando estão com sobrepeso) e a fazer atividade física. A avaliação da respiração nasal também é muito importante.

Além disso, as outras opções de tratamento incluem: CPAP (Continuous positive airway pressure): é um aparelho que injeta ar com pressão positiva contínua na via aérea, fazendo com que cessem as apnéias a medida que aumenta a pressão.

Cirurgia: existem alguns tipos de cirurgias para ronco e apnéia. As indicações de cada uma dependem do tipo de obstrução, da anatomia de cada paciente e do grau da apnéia.

Aparelho intra-oral: é um aparelho que ajuda no posicionamento da língua mais pra frente, ajudando nos casos em que o ronco/ apnéia são devidos a queda da língua para trás durante o sono. Ninguém melhor do que o médico especialista para avaliar qual é o tratamento mais indicado para seu caso.

E as crianças, também apresentam apnéia?
Como os adultos, elas podem ter um quadro de apenas respiração bucal e roncos mas também podem apresentar apnéias. Em uma parcela dos casos, o aumento exagerado das amígdalas e/ou adenóides são os responsáveis, e a cirurgia resolve o problema. Em outros, ocorre o ronco devido `a dificuldade da respiração pelo nariz, que pode ser causada pela rinte alérgica, então o tratamento clínico faz-se necessário. Os sintomas da apnéia na criança são diferentes do que no adulto. Ela geralmente tem sono agitado, e é impaciente durante o dia, com dificuldade de concentração. A manutenção da respiração bucal na criança gera várias repercussões no crescimento da face, no posicionamento dos dentes, na fala, no ganho de peso e crescimento como um todo. Também pode haver repercussões no aprendizado e desenvolvimento.