Menopausa aumenta chance de ronco e cansaço diurno

Há quem diga que o ronco é uma exclusividade masculina, mas, de acordo com artigo escrito por Barbara Metcalfe, as mulheres também podem causar problemas para o companheiro durante uma noite de sono. E o quadro tem a ver com a menopausa: ela afirma que as mulheres se tornam mais propensas a desenvolver a condição neste período, por conta dos baixos níveis de estrogênio e progesterona, que ajudam a proteger os músculos ao redor das vias aéreas durante a idade fértil.

Ela própria enfrenta o problema e conta a trajetória da descoberta até o tratamento. Em uma viagem de trem, Barbara acordou com um forte barulho de ronco e gargalhadas da própria família, já que estavam atravessando uma área silenciosa, o que fez com que todos os passageiros ouvissem. Ao perceber que a autora do ronco era ela mesma, se sentiu constrangida. Barbara também vinha ignorando os alertas do marido e da filha, que diziam que ela costumava roncar quando dava pequenos cochilos. “Sempre achei que roncar era o resultado dos excessos, particularmente de cerveja, cigarro e alimentos gordurosos. Como eu não bebo álcool, fumo ou como comida gordura, por que eu estaria roncando?”, questionou-se.

Nos últimos cinco anos, ela também notou que cai no sono em plena luz do dia “diante do computador, no cinema ou em frente a TV. “Até mesmo no telefone, e durante conversas com a minha família, com uma xícara de chá nas mãos”, observa. A princípio, chegou a imaginar que era só cansaço, fruto de um estilo de vida agitado.

O ronco e a inexplicável sonolência diurna podem não representar nada, mas os dois combinados ao peso do corpo e à idade (acima dos 50) de Barbara indicaram que ela era suscetível à Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), que interrompe a respiração enquanto a pessoa está adormecida. Durante o sono, as vias aéreas relaxam naturalmente, mas, com a apneia do sono, os músculos e tecidos macios ao redor delas também relaxam e causam uma obstrução. O ronco, por sua vez, é causado pelo ar que é forçado através de um espaço mais restrito.

Mas, se estas vias se tornam completamente bloqueadas, você pode parar de respirar por 10 segundos ou mais até sufocar. E é aí que o cérebro começa o processo da respiração de novo. “Embora você não tenha acordado completamente, seu cérebro acorda cada vez que há o bloqueio, e isso é que causa o terrível cansaço durante o dia”, explica Adrian Willians, professor de medicina do sono na King’s College London.

A Apneia Obstrutiva do Sono não tratada, a longo prazo, está ligada a problemas como pressão alta, diabetes do tipo 2, ataques cardíacos e derrames e também pode gerar ganho de peso. Isso porque os hormônios que controlam o apetite são alterados pela falta de sono, segundo Willians. “O hormônio que traz saciedade é reduzido, enquanto outros sinais de apetite aumenta, o que pode trazer o ganho de peso e piorar o SAOS”, explica o profissional.

Outro dado alarmante, da British Snoring and Sleep Apnoea Foundation, é que 80% das pessoas que sofrem do mal não foram diagnosticadas. De acordo com o órgão, uma das causas deste quadro é a relutância das mulheres em admitir que roncam. Barbara conta que ela própria descobriu a apneia acidentalmente, ao dar entrada no hospital para uma cirurgia de emergência. Durante a operação, o anestesista detectou um problema em suas vias aéreas. Ao fazer exames para confirmar o quadro, ela descobriu que parava de respirar 14 vezes por hora, por vários segundos a cada vez.

O ronco, segundo Willians, é só o “começo da jornada”. Ele acontece quando os tecidos moles, como as fossas nasais, amígdalas ou língua vibram. E isto pode progredir para um quadro de SAOS porque o ronco prejudica os músculos da garganta, tornando-os mais fracos e fazendo com que o músculo esteja mais propenso ao colapso ou ao bloqueio de ar. Existem muitas causas para a SAOS, mas o excesso de peso é um deles. A condição é mais comum em homens de meia idade – cerca de 7% dos homens têm – , principalmente por terem pescoços mais grossos e mais tecido ao redor das vias áreas.

Além disso, 3% das mulheres também são afetadas. Felizmente, existe um tratamento efetivo em forma de uma máscara, acoplada em uma máquina, que impulsiona  o fluxo do ar durante do sono. De acordo com Willians, o aparelho pode ajudar, mas 25% dos pacientes não dão continuidade ao uso pelo fato de ser pouco confortável. Barbara afirma que usa pelo menos três vezes por semana, o que já melhorou a qualidade do sono e reduziu o cansaço ao longo do dia. Ela lembra, ainda, que a perda de peso pode ajudar a amenizar este quadro.

Fonte: Jornal do Brasil

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