Por: Dra. Isabelle Braz de Oliveira / CRM: 10299
A perda auditiva em muitos casos, é reversível e geralmente não precisa de tratamento com aparelho auditivo, apenas com cuidados médicos. A causa mais comum seria o cerume produzido pelo próprio ouvido.
Dentre as causas irreversíveis, a mais comum seria a de origem genética, podendo esta surgir desde a infância ou até mesmo em outros momentos, como na juventude. Existem, entretanto, problemas que podem ocasionar a perda auditiva como o uso de algumas classes de medicamentos, e doenças como a meningite, a caxumba, dentre outras causas.
Como reconhecer
É extremamente importante que a deficiência auditiva seja reconhecida o mais precocemente possível. Para tanto, os pais ou responsáveis devem observar as reações auditivas da criança. Os especialistas da área são enfáticos quanto à necessidade de tratamento o mais cedo possível. Durante os primeiros anos de vida (mais especificamente até o sexto ano), existe uma grande evolução na maturação do sistema auditivo. Quanto mais rápido o tratamento, mais benefícios a criança obterá.
O teste da orelhinha faz parte da triagem auditiva neonatal e é fundamental pois a perda auditiva é considerada uma das patologias mais comuns. Toda criança deve passar por um programa de triagem auditiva neonatal. Existem ainda algumas condições, de acordo com o Ministério da Saúde, que necessitam de exames mais específicos (como O BERA), tais como: internação em UTI por mais de 5 dias, histórico familiar de deficiência auditiva, icterícia, consanguinidade (ex: quando os pais são primos), infecções durante a gestação e até mesmo o fato dos pais desconfiarem que o filho não escuta, entre outros.
Outro grupo em que se deve dar importância ao diagnóstico da perda auditiva é dos idosos. Assim como as crianças, tão logo seja diagnosticado a perda, deve ser realizada a reabilitação (sendo estas, na maioria, com aparelhos auditivos). Nessa população, a deficiência auditiva causa isolamento social e predispõe tanto ao desenvolvimento da depressão quanto ao de doenças neurodegenerativas (como o Alzheimer). Além disso, quanto maior o tempo de privação auditiva, menor será o estímulo da área cerebral e mais dificuldade o idoso terá em se adaptar ao uso dessas próteses.
O que fazer?
Uma vez constatada a deficiência, deve-se buscar um especialista em Otorrinolaringologia o quanto antes. Detectada a causa da perda auditiva, o otorrino irá manejar o tratamento adequado que varia desde medicamentos e procedimentos a próteses auditivas móveis (como os aparelhos auditivos), as osteointegradas (BAHA, Ponto) e as totalmente implantáveis (Carina, Implante coclear).
Apesar de existir causas irreversíveis, a grande maioria destas tem solução com a habilitação ou reabilitação auditiva. Atualmente, a tecnologia na área médica vem avançando ano por ano, fazendo hoje o que parecia ser impossível: o surdo ouvir.
E o Implante Coclear? O que é e como funciona?
O implante coclear é um aparelho eletrônico de alta complexidade tecnológica, que é utilizado para restaurar a função da audição nos pacientes portadores de surdez profunda que não se beneficiam do uso de próteses auditivas convencionais. Ele pode ser utilizado em qualquer faixa etária, após passar por avaliação otorrinolaringológica para verificar a sua necessidade.
Trata-se de um equipamento eletrônico computadorizado que substitui totalmente o ouvido de pessoas que tem surdez total ou quase total. Ele que estimula diretamente o nervo auditivo através de pequenos eletrodos que são colocados dentro da cóclea e o nervo leva estes sinais para o cérebro. É um aparelho muito sofisticado que foi uma das maiores conquistas da engenharia ligada à medicina. Já existe há alguns anos e hoje mais de 100.000 pessoas no mundo já o estão usando.
O fato de conseguirmos transformar um não-ouvinte em ouvinte é extraordinário. Mas é preciso ter cuidado, principalmente em crianças: assim que for suspeitada a perda auditiva, deve-se encaminhar a criança o mais rápido possível para um otorrinolaringologista especialista na área, a fim de realizar a cirurgia o quanto antes. O fator tempo é muito importante na infância, já que nesse período o processo de maturação cerebral ainda está ocorrendo. É importante que se frise que depois de um certo tempo de privação auditiva, os ganhos do aparelho são mínimos ou inexistentes.