Enurese – Xixi na cama nunca mais

Por: Dra. Roxana de Almeida – Nefrologista Pediátra / CRM: 4819

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Quem não conhece uma criança que faz “xixi na cama”? Quantas crianças já foram punidas injustamente por fazerem “xixi na cama”? Quem convive com uma dessas crianças sabe o sofrimento e angustia dela! Ao ato de fazer “xixi na cama” involuntariamente denominamos enurese.

Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, não se ensina uma criança a parar de fazer “xixi na cama”. Não se pode tentar tirar a fralda da noite, como faz-se durante o dia, pois o controle da micção diurno é diferente do controle noturno. Durante o dia, o controle é através do sistema nervoso e deve-se ensinar, a partir dos 3 anos, a usar o sanitário. Durante o sono, o controle é hormonal, ou seja, independente da vontade da criança.

As crianças começam a ter controle noturno a partir dos 3 anos e por volta dos 6 anos, a maioria delas já parou de fazer “xixi na cama”. Entretanto, 15% das crianças são enuréticas, ou seja, permanecem urinando na cama. Esse problema é mais comum em meninos e tem característica familiar, ou seja, na família de uma criança enurética, sempre encontramos um adulto que teve o mesmo problema, geralmente um dos pais.

O hormônio responsável pelo controle noturno da micção é o hormônio antidiurético (ADH). Ele é liberado durante o sono e atua diminuindo a produção de urina pelos rins eé por isso que não fazemos xixi. Quando ocorre a diminuição na liberação do ADH, aumenta a produção de urina. Com a bexiga cheia, sentimos vontade de urinar e, finalmente, acordamos. É por esse mesmo motivo que tomar uma cervejinha da vontade de urinar, pois o álcool diminui a liberação do hormônio antidiurético.

As crianças que têm enurese não fazem “xixi na cama” porque querem. Caracteristicamente, são crianças “boas de cama”, ou seja, dormem muito e têm sono pesado. Além disso, muitos estudos científicos comprovam que elas têm QI acima da média, são muito amorosas e ansiosas.

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No passado, fazer “xixi na cama” era considerado muito grave, inclusive motivo de punições severas. Hittler orientava a matar as crianças consideradas defeituosas, entre elas, aquelas que faziam “xixi na cama”.

Atualmente, o tratamento da enurese é simples e pode ser feito de diversas formas. São eles: uso de alarme, fisioterapia urinária, reposição do hormônio antidiurético, uso de imipramina e psicoterapia. Um nefrologista pediátrico, juntamente com a família e o paciente, poderá indicar o tratamento adequado para cada caso. É inaceitável, nos dias de hoje, que crianças ainda sofram e sejam punidas por fazerem “xixi na cama”.

 

A Síndrome do Respirador Oral

Por: Drª. Diana L. Lacerda Martins – Otorrinolaringologista / CRM 7252

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A síndrome do respirador oral é caracterizada pela substituição da respiração nasal exclusiva por uma respiração de suplência oral ou mista. É frequente no consultório do otorrinolaringologista e do pediatra e, segundo alguns estudos brasileiros, afeta até 50% das nossas crianças. Dentre as principais causas de obstrução nasal, estão a rinite alérgica e a aumento de adenoide e amígdalas.

De acordo com a duração, a intensidade e a época de instalação, a respiração oral pode causar sérias alterações na estrutura craniofacial, nas funções estomatognáticas (mastigação, deglutição, fonação), na nutrição, na postura, no sono e no aprendizado, prejudicando assim a qualidade de vida do indivíduo.

Ao abrir a boca para respirar, há desequilíbrio nas funções orofaciais, prejudicando tônus muscular e oclusão dentária, o que acarreta, além de dano estético, distúrbio na mastigação e deglutição, com consequências nutricionais. O bloqueio nasal pode, ao longo do tempo, limitar o desenvolvimento do terço médio da face, com mudanças estéticas evidentes. Para aumentar a entrada de ar pela garganta, o indivíduo acaba projetando cabeça e pescoço para frente, desencadeando compensações posturais de todo o corpo. Também pela limitação ao fluxo aéreo, algumas pessoas podem apresentar roncos e apneias (interrupções temporárias da respiração) durante o sono, ocasionando má oxigenação cerebral, traduzida clinicamente por sonolência diurna, dor de cabeça e déficit de aprendizado.

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Diante da pluralidade de consequências, o respirador oral requer olhar clínico abrangente e multidisciplinar, a fim de se detectar precocemente a doença, minimizando seus efeitos deletérios. A conduta frente ao respirador oral deve ser individualizada e passa pelo combate à causa e pela reabilitação das sequelas. Nesse aspecto, conscientizar a sociedade acerca da existência dessa síndrome pode ser o passo inicial no controle precoce de seus danos.

Sinusite – Sintomas e Tratamento

Por: Drª. Camilla Bezerra Maia – Otorrinolaringologista / CRM 6446

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Sinusite é a inflamação dos seios paranasais, cujos sintomas são: obstrução nasal, dor facial, secreção nasal, tosse e fadiga.

Para que servem os seios da face? São cavidades aeradas que auxiliam na nossa voz, diminuem o peso da nossa cabeça e funcionam com verdadeiros ”airbags” para nos proteger de um trauma.

Para simplificarmos, existem dois tipos de sinusite: aguda e crônica, as quais podem ser viral, alérgica, bacteriana e fúngica. Nas agudas, fazendo o tratamento adequado, em poucos dias, já há melhora dos sintomas, porém na crônica há a necessidade de acompanhamento e tratamento a longo prazo com medicações ou, às vezes, procedimento cirúrgico.

Resfriados que se prolongam por mais de 10 dias ou os que pioram depois do quinto dia, devem servir de alerta para que se busque uma avaliação médica. Esses sinais podem indicar sinusite aguda, cujo tratamento é basicamente clínico, com soro fisiológico (higiene nasal) e sprays nasais, analgésicos para melhorar a dor e, eventualmente, anti-inflamatórios e/ou antibióticos.

Se os sintomas persistirem por mais de oito semanas, a doença será crônica. Ela pode estar associada a fatores como desvio de septo, formação de pólipos e degeneração da mucosa, que obstruem as vias nasais e impedem que a secreção seja adequadamente drenada e, com isso, há a facilidade de infecção dessa região pela próprias bactérias existentes na fossa nasal.

Na maioria dos casos de sinusite crônica, a conduta cirúrgica para remoção do fator obstrutivo é a única alternativa para promover a melhora e reduzir as recidivas. A sinusectomia endoscópica é a técnica mais adotada, sendo minimamente invasiva. O procedimento é feito com o auxílio de um endoscópio, que permite ao médico ter acesso e visualizar de forma ampliada toda a cavidade nasal para a remoção do fator causal. Mesmo quando não é possível a total remoção da causa, há uma melhora na qualidade de vida, pois há redução da incidência das crises de sinusites. Recidivas podem ocorrer, principalmente nas sinusites causadas por fungos e por pólipos.

A sinusite tem cura e acompanhamento. Existem inúmeros tratamentos e, ainda que, em poucos casos, o problema não possa ser totalmente revertido, os benefícios para o paciente são muito expressivos. Acreditar no mito de que não há cura é aceitar a conviver com a sinusite seus sintomas, e com o risco de das complicações que ela pode causar.

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Aspectos Gerais da Tontura

Por: Dra. Jamille Lima Wanderley – Otorrinolaringologista /  CRM: 9150 

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O labirinto é uma estrutura localizada no ouvido interno, e, juntamente com a visão e o sistema musculoesquelético, são responsáveis pelo equilíbrio corporal. Todas essas estruturas enviam informações ao sistema nervoso central e, quando estão em harmonia, garantem o equilíbrio. Se alguma dessas mensagens recebidas for conflitante, podem resultar em tontura e sintomas associados.

As labirintopatias, doenças causadas por desordens do labirinto, representam a maior parte dos casos de alteração do equilíbrio e são comumente chamadas apenas de labirintite. Costumam se manifestar por meio de tontura, geralmente associadas a náuseas, vômitos, mal-estar ou sintomas auditivos, como diminuição da audição, zumbido e sensação de ouvido tampado.

A tontura pode ser relatada de diversas formas, a mais comum delas é a vertigem, definida como uma sensação rotatória do ambiente ou do próprio corpo percebida pelo paciente, sendo este sintoma característico das tonturas de origem no labirinto. Outras formas de tonturas referidas pelos pacientes incluem, desequilíbrio, sensação de flutuação, sensação de desmaio iminente, tendência a quedas, desvio de marcha, escurecimento da visão, entre outros.

A vertigem é um sintoma muito prevalente, encontrada em 10% da população mundial. Em 85% dos casos, ela é decorrente de disfunção vestibular. As labirintopatias podem atingir qualquer idade, mas têm maior incidência a partir dos 40 anos.

As principais causas de labirintopatias são:
– Doenças da otorrinolaringologia: Doença de Meniére e a vertigem posicional paroxística benigna.
– Doenças sistêmicas: diabetes, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e da glândula tireóide, aumento do colesterol e triglicerídeos.
– Infecção viral ou bacteriana: labirintite aguda, neurite vestibular.
– Doenças ortopédicas: doenças da coluna e do pescoço.
– Causas externas: traumas por acidentes ou exposição a ruído elevado.
– Uso de medicamentos: diuréticos, anti-inflamatórios, antibióticos.
– Hábitos de vida inadequados: abuso de fumo, álcool, café, chocolate, alimentos gordurosos e frituras, jejum prolongado.
– Causas psicológicas: estresse.

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O diagnóstico das labirintopatias é baseado na história clínica e em exames complementares. É importante relatar ao médico as características da tontura, como: tipo, intensidade, duração, fatores precipitantes e agravantes e sintomas associados.

As diversas opções terapêuticas para controle da crise de labirintopatia são aplicadas conforme os dados da história clínica. O tratamento medicamentoso geralmente consiste em uma medicação anti-vertiginosa, orientações de reeducação alimentar, com controle dietético, e mudanças nos hábitos de vida.

 

Rinite Alérgica

Por: Dra. Júlia Guedes Bisneta – Otorrinolaringologista / CRM: 7422

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O nariz é parte integrante das vias aéreas superiores e o primeiro contato do corpo com o ar inspirado. Ele executa muitas funções importantes, incluindo a de filtrar e umidificar o ar inspirado e é o responsável pelo sentido do olfato. Encontra-se interligado a várias estruturas das vias aéreas, incluindo os ouvidos, os seios paranasais e os olhos, além das vias aéreas inferiores.

A rinite alérgica é a mais comum das doenças alérgicas e é considerada um problema de saúde pública mundial. Embora não seja uma doença grave, é capaz de alterar significativamente a qualidade de vida dos pacientes, seu desempenho e produtividade no trabalho e seu aprendizado escolar. Comumente a rinite alérgica está associada a outras condições, como asma, sinusites, otite média, polipose nasal, infecções de vias aéreas inferiores e outras alergias, aumentando sobremaneira o impacto socioeconômico da doença.

Assim como as outras alergias, a Rinite Alérgica apresenta forte caráter genético, com incidência maior entre indivíduos cujos pais são alérgicos. Sem preferência por gênero ou raça, pode iniciar-se em qualquer idade, sendo mais frequente na criança e no adolescente. É uma doença caracterizada por: prurido nasal, espirros em salva, obstrução nasal, coriza hialina e diminuição do olfato. Esses sintomas são resultantes da ação de mediadores químicos, cuja liberação pode estar associada a mecanismos imunológicos ou não. É caracterizada por uma reação de hipersensibilidade tipo I, mediada por IgE.

A Rinite alérgica costuma ser desencadeada ou agravada pela exposição a aeroalérgenos, mudanças bruscas de temperatura, inalação de ar frio e seco. Os principais aeroalérgenos são os ácaros da poeira, baratas, fungos e de outras fontes alergênicas (epitélio, saliva e urina de animais domésticos); os odores fortes e a fumaça de tabaco são os principais poluentes intradomiciliares. A ocorrência dos sintomas pode ser sazonal ou perene, persistente ou intermitente, agravando-se nos períodos de outono/inverno.

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O diagnostico da rinite alérgica é basicamente clínico, e inclui a história clínica pessoal e familiar de alergia, as condições do ambiente em que o paciente vive/trabalha/estuda, o exame otorrinolaringológico e exames complementares (dentre eles o teste alérgico cutâneo de hipersensibilidade e as dosagens de IgE séricas específicas).

O tratamento da Rinite alérgica é baseado no controle do ambiente, farmacoterapia, imunoterapia específica e orientações. A redução/eliminação dos alergenos é conside-rada fundamental, e a maioria dos pacientes necessitam de tratamento farmacológico para controle dos sintomas. Procure o otorrinolaringologista, o diagnóstico precoce é fundamental para que se possa estabelecer um programa de tratamento.

Tudo que você precisa saber sobre sua Laringe!

Por: Dr. Erich Melo – Otorrinolaringologista / CRM 5655

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A laringe é um órgão que se localiza no pescoço e faz parte do sistema respiratório. Sua função principal está relacionada à respiração, permitindo a passagem do ar aos pulmões e também protegendo contra a aspiração de líquidos ou alimentos para as vias áreas inferiores. O homem aprendeu a utilizar este órgão para produzir sons, desenvolvendo a fala.

Apesar de podermos utilizar múltiplas formas de comunicação (pelo olhar, por gestos, expressão corporal, expressão facial), a voz é responsável por uma porcentagem muito grande das informações contidas em uma mensagem que estamos veiculando e revela muitas características sobre nós mesmos.

Você sabe como sua voz é produzida?

Ela é produzida a partir de um som básico gerado na laringe, a partir da vibração das cordas vocais. Quando respiramos silenciosamente, as pregas vocais ficam abertas (1), ou seja, afastadas entre si, para permitir a entrada e a saída do ar. Quando produzimos a voz, as pregas vocais se aproximam (2). O ar, então, passa entre elas e as faz vibrar, produzindo o som (3).

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O som básico produzido pela vibração das pregas vocais percorre a laringe e a faringe até sair pela boca e/ou pelo nariz, sendo amplificado através dessas cavidades de ressonância, que funcionam com um alto falante natural da fonação.

Após percorrer este caminho, os sons são articulados principalmente na cavidade da boca, por movimentos de língua e lábios. Tais movimentos devem ser precisos para produzir sons claros e tornar inteligível a mensagem que se quer transmitir.

Embora essa explicação esteja focalizada no que acontece na laringe quando o som é produzido, o início do processo de fonação ocorre bem antes. É o nosso cérebro que vai comandar todo o processo de entrada e saída do ar, do posicionamento e vibração das pregas vocais e da produção dos sons da fala.

Quais as doenças que podem acometer sua laringe?

Há um grande número de doenças que pode acometer sua laringe, comprometendo sua respiração e/ou sua voz. Por exemplo, patologias congênitas, benignas (lesões por abuso vocal, inflamações e infecções) e malignas (tumores de laringe). O otorrinolaringologista é o profissional médico habilitado para o diagnóstico e o tratamento desses problemas, contando com o apoio do fonoaudiólogo na terapia dos distúrbios da voz.

Quais os cuidados que você deve ter com sua voz?

1. Beba água, regularmente, para hidratar o organismo e favorecer uma emissão vocal sem tensão.

2. Mantenha uma alimentação saudável e regular. Isso ajuda a prevenir o refluxo, que é prejudicial à laringe e às pregas vocais.

3. Evite achocolatados e derivados do leite quando for utilizar sua voz, pois estes alimentos aumentam a produção de secreção no trato vocal e dificultam a emissão.

4. Tenha momentos de descanso durante o dia, poupando a sua voz.

5. Evite gritar ou falar frequentemente em forte intensidade: sempre que possível procure se aproximar do outro para conversar. Evite competição sonora: ao falar, abaixe o volume da TV e/ou do som.

6. Enquanto estiver falando, mantenha a postura do corpo sempre ereta, no eixo, porém relaxada e livre de tensões (principalmente a cabeça).

7. Esteja atento à ingestão de líquidos em temperaturas extremas, ou seja, muito gelado ou muito quente.

8. Evite pigarrear ou tossir demais, pois isso provoca um forte atrito entre as pregas vocais, irritando-as.

9. Evite falar enquanto pratica exercícios físicos.

10. Fique atento a possíveis ressecamentos do trato vocal quando estiver exposto ao ar-condicionado.

11. Evite chupar balas ou pastilhas fortes, assim como utilizar sprays, que mascaram o sintoma de garganta irritada e faz com que você produza a voz com esforço, sem perceber.

12. Evite falar muito quando estiver gripado ou em crise alérgica.

13. Evite usar roupas apertadas na região do pescoço e na cintura.

14. Evite fumar e ingerir bebidas alcoólicas em excesso.

15. Evite falar grosso ou fino demais, travar os dentes ao falar e falar muito rápido.

16. Tenha uma voz com entonação variada, articule bem as palavras, perceba-se enquanto fala, acalme-se, faça pausas expressivas e respiratórias.

17. Evite se automedicar.

18. Quando você estiver com uma rouquidão por mais de 15 dias, consulte um médico otorrinolaringologista e/ou um Fonoaudiólogo.